quarta-feira, 26 de novembro de 2008

UMA “HISTORINHA” A MAIS...

Meu nome é Pedro tenho 20 anos, vou contar-lhes um pouco da minha vida. Minha vida não é muito diferente de outras milhares deste mundo, mas ela é especial por características que só a família de um Fonseca tem. Cresci em um ambiente que guarda uma grande história de amor que vai contra o que é designado “certo” pela sociedade e tem um desfecho que não é dos melhores.

Minha mãe Joana era enfermeira ao conhecer meu pai Paulo, que era casado com sua primeira esposa. Ele viveu um tempo com ambas as mulheres, claro sem que sua primeira esposa Dora soubesse. Só que um belo dia eu fui concebido e ficou difícil depois do acontecido esconder a barriga resultante. Não teve jeito descobriram a história do meu pai com minha mãe, que a partir desse momento sofreu para sempre uma mudança brusca em sua vida.

Paulo separou-se de sua primeira esposa e foi viver junto com Joana em um bairro tradicional da mesma cidade. Paulo veio do Sertão onde era trabalhador rural de família humilde, cortava algodão, carregava sacas e sacas de farinha sob sol forte, chegava a passar meses sem ver um pedaço de carne fresca. Só que um dia a revolta bateu em seu peito e ele resolveu buscar melhores condições de vida em São Paulo - SP.

Começou trabalhando como mascate de domingo a domingo com descanso somente à noite. Juntando o que recebia por mês pouco mais de um salário, foi o suficiente para que dentro de alguns anos construísse seu próprio negócio e tivesse uma melhoria em suas condições de vida.

Joana foi criada em um ambiente pobre minha avó era lavadeira. Lavava roupas no rio Tietê, um rio que hoje se transformou em um super esgoto. Meu avô vendedor de laranjas – vendia em um carrinho de madeira construído por ele mesmo – como ambos faziam de tudo pela educação de suas quatro filhas, minha mãe apesar dos pesares teve condições de estudar e se tornar enfermeira, muito vaidosa por sinal.

É chegada a hora de meu nascimento. Não deu outra, sobrou para Joana que agora além de cuidar da casa tinha que cuidar de mim também. Acho que o “anti - feminismo” atacou meu pai que jamais desempenharia aquele papel, de por a mão na massa (sem querer tirar os méritos de criação que claro também contou com a participação dele).
Paulo e Joana se mudaram da capital para São Bernardo do Campo. Agora já não dava para Joana cuidar da casa, de mim e trabalhar. Como conseqüência sua licença maternidade se “estendeu” por mais uns 12 anos.

Quando completei 12 anos de idade Joana resolveu estudar a noite novamente na área de enfermagem (após 12 anos era necessário se atualizar na área). Só que o curso era a noite ela saia as 19:00 e chegava as 23:00 em casa. Meu pai não estava satisfeito com aquela situação. “Como é que pode uma mulher sair de casa a noite e chegar à uma hora dessas!”.

Com o passar dos dias o ciúme aumentou e começaram as brigas também. Meu pai fazia de tudo para que minha mãe não fosse a escola.

O curso durou dois anos e enfim ela terminou. Na formatura ela estava linda e, em partes, realizada. Ao receber o diploma seus olhos se encheram de lágrimas, uma felicidade imensa batia em seu peito, se sentia leve, nas nuvens. Estava se abrindo um novo caminho uma chance de trabalhar novamente cuidar um pouco mais de si própria.

Passara-se uma semana da formatura, Joana saiu em busca de emprego neste dia, era folga de Paulo que estava em casa sozinho com Sirlene, que trabalhava há pouco mais de um ano como empregada doméstica. Joana já desconfiava que houvesse alguma cosia errada naquela casa. “A vizinhança comenta”.

Joana retornou mais cedo e como ela imaginava Paulo estava aos beijos com Sirlene, um ódio enorme tomou seu peito. Passou todo um filme em sua cabeça. Daquele momento a frente só seriam conflitos.

Joana entrou em depressão, já não tinha mais vontade de viver. Todo um ideal construído até ali tinha evaporado, tudo parecia escapar. Paulo e Joana estavam sob o mesmo teto, porém sem trocar uma palavra.

Passaram-se alguns dias e Paulo como vinha fazendo todos os dias buscava se retratar com Joana. Ela o amava muito e após uma longa conversa ambos voltaram as boas. Havia um problema, o choque havia sido muito forte Joana agora dependia de remédios periódicos para se manter bem mentalmente e não tinha mais condições de trabalhar.

Após um ano Paulo teve um infarto e teve de se deslocar para a capital, como não tinha outro local para ficar acabou hospedado na casa de Dora sua antiga esposa. Que apesar de tudo ainda o amava muito.

Hoje Paulo vive com Dora, pois ela é a única que tem condições de cuidar dele que, após o infarto, não teve mais condições de trabalhar para sustentar a sua família e a si mesmo.

Joana nunca mais viu Paulo. Diante desta situação sua doença agravou ainda mais. Eu e Joana passamos a morar na casa da minha avó com a minha tia.

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